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Foto: Renan Mattos (Diário)
Julho terminou com os menores indicadores da pandemia no ano em Santa Maria. Enquanto os óbitos associados à Covid-19 tiveram uma redução de 48% em relação a junho, casos diminuíram 67% e internações, 68%. Dados são considerados extremamente positivos por especialistas. No entanto, há necessidade da população continuar vigilante, principalmente, por causa da chegada de novas variantes mais contagiosas.
Durante julho, a Covid-19 ceifou a vida de 45 pessoas, número menor do que todos os outros meses do ano. Em fevereiro, antes do pico da doença, foram 51 mortes. Já em abril, quando houve uma explosão de novos óbitos, o índice chegou a 156. Em relação a esse pico, a redução em julho foi de 71%.
- São números positivos, frutos da vacinação. Estamos comprovando na prática que a vacina funciona. Pela primeira vez, conseguimos voltar a um patamar que tínhamos antes do pico de março e abril. Mas, a pandemia ainda não acabou e as restrições devem continuar nos acompanhando por mais algum tempo - destaca o médico epidemiologista da prefeitura, Marcos Lobato.
Com queda nas internações, pelo menos sete hospitais da região fecham leitos Covid
Como há uma defasagem na notificação de alguns dados, tanto o número de óbitos, internações e casos de julho ainda pode ter um acréscimo. Mas, ainda assim, segundo Lobato, esse acréscimo não deve ser muito grande e as confirmações devem continuar abaixo dos outros meses.
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Dados do do Centro de Referência Municipal da Covid-19 da prefeitura
HOSPITALIZAÇÕES
A queda de internações em julho alcançou um percentual ainda maior do que a redução de mortes. Com 114 hospitalizações no mês, foi o menor número do ano. Em relação a junho, a redução foi de 68%, já em relação ao pico, foi de 77%. Os dados são de hospitalizações em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e leitos clínicos. O índice menor de internações já fez hospitais como o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo e o São Francisco fecharem leitos de UTI Covid ou transformarem esses leitos para ocupação geral.
Nesta sexta-feira, a ocupação dos leitos de UTI SUS está em 55% em Santa Maria, com 40 leitos em uso. Já na rede privada, a ocupação está em 72%, com 51 das 70 unidades em uso. O total de pacientes internados com coronavírus é de 27, menor número desde novembro do ano passado.
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CASOS CONFIRMADOS
A quantidade de casos de coronavírus confirmados no mês foi de 1.089, uma redução de cerca de 2 mil casos (68%) em relação ao mês anterior e de 84,5% se comparado ao pico da doença. É o segundo mês seguido que o indicador está em queda.
Em relação ao número de casos, Marcos Lobato tem uma preocupação. É que já há casos confirmados da nova variante Delta, que surgiu na Índia, no Rio Grande do Sul. Essa variante do coronavírus é a mais contagiosa e transmissível.
- Embora não se tenha informações sobre questão de letalidade, se ela acaba gerando casos mais graves que outras variantes, a questão da transmissão é bem preocupante. Porque é tudo uma consequência: quando se tem mais pessoas infectadas, acaba-se tendo mais internações e, com mais hospitalizações, aumenta a chance de mais óbitos. A gente viu em março e abril o colapso do sistema de saúde, ocasionado pelo aumento expressivo de casos. Então, por isso, devemos ficar bem vigilantes em relação a essas novas variantes que surgem, pois ainda temos um percentual pequeno de pessoas com a imunização completa - alerta o médico.
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RESTRIÇÕES
Estudos indicam que, para que seja possível flexibilizar medidas de distanciamento e o uso de máscara, é necessário que 70% da população do país esteja com a imunização completa (duas doses ou dose única). Isso está longe de acontecer no Brasil, que está apenas com 15,2% da população imunizada. Em Santa Maria, o percentual é de 25% em relação a população total.
- Vemos exemplos de outros países que decidiram flexibilizar o uso da máscara e, agora, enfrentam novas ondas da Covid-19. É importante o Brasil olhar para isso e não repetir o mesmo erro - analisa Marcos Lobato.
MÉDIA MÓVEL
Outro indicador da pandemia, a média móvel de novos casos também aponta um declínio da curva epidemiológica, conforme análise do Observatório de Dados da Covid da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). De acordo com o professor Luis Felipe Freitas, que coordena o Observatório e faz a análise dos dados, a queda iniciou no final de junho.
A pandemia teve quatro picos até agora (como mostra o gráfico abaixo): o primeiro em setembro, o segundo em dezembro, o terceiro em março e o quarto entre o final de maio e início de junho. Após o último pico, houve uma redução de casos, seguida por um período de estabilização e, agora, queda brusca.
Abaixo, é possível conferir o avanço da média móvel em Santa Maria por dia e por semana.
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- O gráfico mostra a variação da média móvel diária de novos casos. A média móvel de cada dia é calculada com a soma dos casos dos últimos sete dias, dividida por sete
- É possível observar alguns picos, o maior deles em março, com 217 casos em um dia
- A menor média móvel do ano é registrada atualmente, em um patamar semelhante ao de novembro de 2020
- Dados da última semana ainda podem ter um aumento, devido à defasagem de notificações. Ainda assim, é possível observar que há uma tendência de queda atualmente
BOLETIM DA FIOCRUZ
O boletim do InfoGripe, divulgado semanalmente pela Fiocruz, coloca a macrorregião Centro-Oeste, da qual Santa Maria faz parte, com tendência de estabilização de indicadores como hospitalizações e óbitos a curto prazo (três semanas). A longo prazo (seis semanas), a probabilidade de queda de indicadores é superior a 95%.
- Apesar da queda dos indicadores, que está relacionada com o avanço da vacinação, o contágio e a transmissão do vírus segue em níveis elevados. Neste quesito, todo o Rio Grande do Sul está em área de risco - explica Marcelo Gomes, coordenador do projeto InfoGripe e pesquisador em saúde pública na Fiocruz.
Os principais dados analisados pela Fiocruz são de casos graves e mortes com sintomas de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Parte da incidência da doença ocorre em razão da contaminação por coronavírus.